Reinaldo,
(com a devida obediência às regras)
Estou com uma tremenda crise de identidade. Não sei se faço parte do proletariado ou da burguesia. Sou goiana, mulher, esposa, mãe, avó, pobre, trabalhadora, literalmente sem terra… Estou quase a cantarolar aquela música do Caetano Veloso, sem lenço, sem documento. Ou aquela do Ultrage a Rigor, nu com a mão no bolso.
O que alivia essa minha crise de consciência e eleva minha auto-estima é o tal Prof. Wladimir Safatle (estou resistindo à tentação de fazer um trocadilho com o sobrenome dele) com seu diagnóstico de pessoa inteligente:
“um dos traços fundamentais da inteligência é a capacidade de operar distinções.”
Afagou meu ego. E foi aí que aquela rapaziada que o assistia foi ganha literalmente na lábia. Tiveram seus egos afagados. Rapaziada de certa forma esperta. Devem ter pensado: “Opa! Vamos parecer ‘inteligentes’. Vamos concordar com esse cara e parecer que sabemos ‘operar distinções’. O que ele falar que é ‘distinto’ (de ‘diferente’ e não de ‘nobre’) a gente concorda.” Nada como uma adulação para aumentar a cotação.
Operar distinções talvez é o que ainda me resta de racional. Conseguir distinguir as reais intenções dessa turma que hoje está a (des)govervar o Brasil.
Tenho orgulho de ser goiana. Não deixarei que sujeitos como esse Safatle ou como aquele Delúbio Iscariotes, o tesoureiro que aprendeu a função com Judas Soares (ops, não resisti á tentação) me façam sentir vergonha de ser goiana. Tenho vergonha é que eles o sejam.
O tal Safatle expressa total coerência ao repudiar a reintegração de posse da USP. Aprendeu com o papai, haja vista seu genitor também não ter interesse em reintegrações de posse. Ele não quer devolver ao Banco do Brasil as terras que lhe são de direito (do Banco). É tudo muito coerente e conveniente.
Meu defeito, ou qualidade na visão do sujeito, é que eu também dou uma boiada para não sair dessa briga até ver a democracia, a ética e a justiça serem reais nesse pais. E olha que também não faço parte do cinturão do agronegócio.
* Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/eu-me-interessei-pela-origem-do-pensamento-de-um-professor-revolucionario-da-usp-e-vejam-o-que-descobri/. Acesso em: 16 nov. 2011.
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